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O real impacto da pandemia na internet industrial das coisas
Tecnologia
Publicado em 29/07/2020

 

A Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII) está promovendo uma série de eventos online para debater o papel fundamental da transformação digital e da indústria 4.0 na retomada econômica do País
 
Da redação
 
A espécie humana se encontra em um momento raro de sua história com a propagação de um vírus alcançou proporções globais. O setor industrial precisou remodelar atividades para participar ativamente no combate ao vírus, inclusive com a produção de itens que trazem mais proteção para entidades médicas e pessoas contaminadas. 
 
Quando tudo passar o que podemos esperar do futuro próximo? O que farão as indústrias para a retomada da produção? Fato é que o mundo não será mais o mesmo. E é partindo desse princípio que as projeções de mundo pós-pandemia devem ser desenhadas. A indústria será remodelada e abrirá espaço para as tecnologias em ascensão, como é o caso da IIoT - Industrial Internet of Things (Internet Industrial das Coisas), o 5G e a inteligência artificial, que são bases do conceito de indústria 4.0. 
 
"Na pós-pandemia, mais do que nunca, acelerar a IIoT e a indústria 4.0 serão fatores de sobrevivência e competitividade para qualquer empresa", ressalta o presidente da Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII), José Rizzo Hahn Filho. "Essa nova realidade afetou os segmentos industriais de formas muito diferentes, mas requer que todas as empresas se reinventem. E esta adaptação passa pela adoção das tecnologias ligadas à indústria 4.0 e à digitalização. Quem se mover mais cedo, mais rapidamente e de forma mais decisiva vai estar melhor posicionado, com um cenário mais favorável."
 
"A grande premissa é de que no próximo ano todas as empresas vão operar diferente do que antes da pandemia. As empresas terão que entender como se reposicionar nesta nova realidade, que mercados e formas de trabalho deixaram de existir. E nesta adaptação que envolve mudanças profundas na logística, na forma como as pessoas trabalham e na interação com o cliente, a chave é a adoção da tecnologia. Então, acelerar a indústria 4.0 é dar maior chance para que as empresas brasileiras se reposicionem rapidamente neste novo contexto e sigam competitivas", reforça Rizzo. O presidente da ABII acredita que o momento atual está contribuindo para a aceleração mais do que já se era esperado.
 
Repensando estratégias: o panorama esperado
 
Tendo em vista que as indústrias acumulam prejuízos econômicos que se somam dia após dia em que a pandemia se espalha, espera-se que o primeiro ponto a ser colocado em pauta no mundo pós-pandemia seja a retomada econômica. De acordo com um estudo realizado pela ABI Research (empresa global de consultoria de mercado de tecnologia), o processo a ser realizado para equilibrar as contas internas trará uma grande transformação digital, pois a tecnologia será vista como a principal aliada dessa difícil tarefa. 
 
Stuart Carlaw, diretor da ABI Research diz que: “Para efetuar mudanças, deve haver um estímulo de magnitude que signifique que as empresas não podem fazer nada além de tomar decisões ousadas para sobreviver. O Covid-19 é dessa magnitude”. Entre as estratégias previstas, destacam-se: 
  • Controle de custos, com ênfase para a diminuição da utilização energética;
  • Automatização de processos digitais com sistemas inteligentes e processos de manuseio, onde se encaixam as máquinas inteligentes e otimizadas com IIoT;
  • Aumento da integração de processos, a fim de detalhar em minúcias os custos existentes para que se possa atuar de forma preventiva;
  • Maior utilização de dispositivos inteligentes, que integram e automatizam processos, além de utilizarem de um custo energético otimizado;
  • Transição do trabalho convencional para o modelo home-office, que possibilita economias no custeio dos colaboradores. 
A Internet Industrial das Coisas possui um papel importante nesse processo de reestruturação da indústria mundial. Por ser uma tecnologia capaz de otimizar toda uma cadeia de produção, traz mais informações sobre todas as etapas dos processos, o que possibilita um controle total da produção, além é claro de uma maior qualidade.
 
Partindo do princípio que a IIoT é uma ferramenta chave para auxiliar na economia dos custos de produção, o panorama desenhado pela ABI Research para a tecnologia pode ser observado abaixo. 
 
O cenário da IIoT na pandemia
 
A IIoT não tem sofrido nenhum grande impacto na tecnologia em si, exceto pelo fato de contar com uma baixa nos pedidos e atraso na comunicação e aprovação de produtos por parte dos fornecedores. Motivo disso é o trâmite dos processos com as empresas, que ainda estão se adequando ao modelo home office. 
 
Impacto de curto prazo: 
 
Tudo depende do tempo de duração da pandemia do Covid-19 e da adaptação dos fornecedores à nova metodologia de trabalho. Visivelmente o único impacto negativo tende a ser uma guerra fria comercial. 
 
A China, maior fornecedora de dispositivos inteligentes para IIoT, deverá ter um aumento gradual na demanda por novas tecnologias, visto que as empresas solicitantes irão retomar o controle econômico de forma lenta e progressiva. 
 
Os EUA, segundo maior produtor de dispositivos IIoT do mundo e coincidentemente um dos maiores afetados pela pandemia do coronavírus deverá entrar em uma batalha comercial com a China para que o comércio possa equilibrar a retomada econômica de sua indústria tecnológica. 
 
Para que obtenham vantagens comerciais, são previstas quedas nos preços dos produtos, o que tende a ser positivo para os compradores, afinal também estão reestruturando o controle financeiro.
 
Os sinais dessa disputa são evidentes se observarmos que atualmente o mundo já vive uma guerra comercial protagonizada por esses dois países. O que acontecerá é uma intensificação na demanda ofertada.  
 
Impacto de longo prazo:  
 
O impacto de longo prazo para a IIoT tende a ser muito positivo, já que a tecnologia pode ser vista como uma ferramenta auxiliar muito poderosa para ser utilizada em momentos como o atual. 
 
Por mais que a pandemia vá chegar ao fim, não quer dizer que o coronavírus será eliminado tão facilmente. O que deverá acontecer é que as transmissões fiquem sob controle e, para que esse equilíbrio seja mantido, uma série de cuidados serão necessários. Um alto nível de higienização, como é visto atualmente, será o padrão normal do futuro. 
 
Isso quer dizer que não apenas os hospitais, mas ambientes em geral serão gradualmente beneficiados pela IoT. A iniciar pelos hospitais, que utilizarão cada vez mais equipamentos inteligentes para que estejam monitorando os pacientes, diminuindo assim, o contato com os médicos e enfermeiros. 
 
Estações de trem e metrô, empresas, escolas, todos deverão adaptar novas tecnologias inteligentes em seus ambientes, para por exemplo, controlar o fluxo de pessoas e medir sinais vitais por câmeras inteligentes.
 
Todas essas mudanças irão preparar a humanidade para atuar de forma preventiva no combate dos surtos de transmissões de doenças. Não apenas da COVID-19, mas de todas as doenças que possam vir a surgir no futuro. 
 
Manufatura revista - O que vai além da IIoT
 
Os reflexos não serão sentidos apenas na IIoT, mas sim, em todas as tecnologias que compõem o seleto grupo de inovações pertinentes ao modelo de indústria 4.0. O estudo da ABI Research destaca também o panorama previsto para outras tecnologias que apresentam um grande potencial de transformação industrial. Os resultados são destacados abaixo: 
 
5G
 
O ano de 2020 deveria ser o ano de um marco na história do 5G, ano em que a tecnologia contaria com uma grande propulsão em escala global, sendo adotada por diversas nações, incluindo o Brasil. Mas esse planejamento terá de esperar um pouco. 
 
Por conta da pandemia, governos e grandes corporações terão de retardar os testes para verificar o desempenho e a estabilidade do processamento das redes do 5G. É, inclusive, uma forma de proteger as receitas voltadas para o projeto. Ao médio prazo, a tecnologia tende a ser impulsionada pela utilização de outras tecnologias paralelas, que sem dúvidas irão demandar uma maior velocidade na conexão, além de uma baixa latência. Tudo para garantir um alto nível de eficiência na conexão dos dispositivos. 
 
Inteligência Artificial (IA)
 
A IA será uma das grandes revoluções tecnológicas dos próximos anos, crescendo paralelamente à IoT. A crise atual proporcionou um impacto positivo para a IA, isso porque a tecnologia tem sido responsável por auxiliar no combate à pandemia, monitorando pacientes e fornecendo dados à profissionais da saúde. 
 
Empresas como a Musashi AI estão revolucionando o mercado de robôs inteligentes, principalmente na área da saúde. Já é possível encontrar equipamentos que monitoram pacientes e lhes fornecem recursos como medicações e alimentos. Isso reduz o contato entre o paciente contaminado e o médico, preservando a saúde do profissional. 
 
Computação em nuvem
 
O impacto na computação em nuvem tem sido bem menor do que nas demais tecnologias apresentadas, isso porque a tecnologia segue operando de forma totalmente virtual. O que é observado é uma baixa na questão de novos contratos e uma maior demora para a obtenção de suporte técnico especializado. 
 
A computação em nuvem deverá se recuperar de forma mais rápida do que as demais tecnologias, pois será a responsável por suprir a demanda das empresas que contarão com um volume maior de dados, esses que precisarão de um armazenamento seguro e de fácil acesso.
 
A filosofia por trás da Indústria 4.0
 
Em suma, a pandemia do coronavírus trouxe um impacto positivo para as tecnologias em ascensão, pois deram notoriedade à suas funcionalidades, que passaram a serem vistas como grandes aliadas no desenvolvimento da sociedade. Não é a tecnologia que se beneficia do caos, muito pelo contrário, ela apenas apresenta soluções para problemas existentes. O momento atual apenas acelerou o que já é visto como o melhor caminho a ser percorrido pela humanidade, o de um futuro de mais conforto, saúde e segurança. 
 
ABII Live Talks
 
Confira a série de lives que a ABII está realizando no YouTube com o objetivo de debater o papel fundamental da transformação digital, da IIoT e da indústria 4.0 na retomada econômica pós-pandemia no Brasil. Os paineis online voltam a acontecer em agosto e terão uma agenda até o final de 2020.
 
Sobre a ABII 
 
A Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII), fundada em agosto de 2016, atua com o objetivo de promover o crescimento e o fortalecimento da indústria 4.0 e da IIoT (Industrial Internet of Things). Fomenta o debate entre setores privado, público e acadêmico, a colaboração e o intercâmbio tecnológico e de negócios com associações, empresas e instituições internacionais, a partir do desenvolvimento de tecnologias e inovação. A ABII é signatária do Acordo de Cooperação com o IIC (Industrial Internet Consortium), consórcio criado em 2014, nos Estados Unidos, com o mesmo fim, pela IBM, GE e Intel. Buscando inserir o Brasil nesta revolução, Pollux, FIESC/CIESC e Embraco uniram-se para fundar a ABII.  
 
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