O discurso de Michelle na Paulista não foi apenas mais um discurso; foi um daqueles pronunciamentos que ficarão para a história e deverão ser estudados para que as futuras gerações compreendam o que está acontecendo no Brasil hoje e, assim, seja mais fácil entender os desdobramentos que ocorrerão nos próximos meses. Dessa forma, utilizarei frases do discurso de Michelle, que naturalmente refletem em sua vida, para demonstrar que essa forma de agir do Estado brasileiro afeta não apenas o indivíduo, mas todo o país e o seu futuro!
Humilhação pela vigilância constante e restrições sem julgamento: "Quem era para estar aqui era o meu marido, que hoje está amordaçado dentro de casa, com uma tornozeleira eletrônica. Não foi julgado e está preso. Há policiais o tempo inteiro olhando por cima dos muros dos vizinhos para ver se há chance de ele escapar. Um homem de 70 anos, com sequelas de uma facada que quase o matou em 2018, que recentemente passou por uma cirurgia de 12 horas. Como vai pular muro? É muita humilhação." Isso destaca o micro, em que o Estado impõe vigilância invasiva e degradante a um indivíduo, violando a dignidade e os direitos básicos sem devido processo legal. No macro, a violação dos direitos humanos e a imprevisibilidade judicial elevam o risco percebido por investidores, que evitam o Brasil diante do medo de decisões arbitrárias. O resultado é uma queda estimada de até 20% nos investimentos estrangeiros diretos em 2025, travando o crescimento do PIB e perpetuando ciclos de baixa produtividade.
Em outro momento, Michelle afirma: “Perseguição política e religiosa avança sobre nós. Eu gostava de fazer cultos religiosos em minha casa, mas tenho sido impedida pelas medidas restritivas impostas pela Justiça.” No micro, trata-se da violação direta da liberdade religiosa, direito fundamental expresso na Constituição. No macro, episódios como esse, já destacados em relatórios internacionais que incluem o Brasil em listas de países problemáticos, ampliam a percepção de risco jurídico e institucional. Isso provoca fuga de capitais e queda nos investimentos estrangeiros diretos e, em alguns casos, pode até servir de fundamento para sanções econômicas adicionais. O resultado é a estagnação econômica, maior dependência de empréstimos internacionais em um contexto de dívida pública elevada e, concomitantemente, maior instabilidade social, tensionando o já fragilizado tecido social brasileiro.
Invasão da privacidade familiar e impacto intergeracional: “Eu vivo uma humilhação diária. A minha filha de 14 anos indo para a escola e todos os dias tendo que abrir o carro para a polícia verificar se tem alguém dentro. Revistam o carro, olham embaixo dos bancos. É isso que estamos vivendo.” Esse ponto captura o micro pela humilhação direta a uma criança e sua família, submetidos a revistas rotineiras que traumatizam e violam a esfera privada cotidiana, desvalorizando a família e o lar que deveria ser sagrado. No macro, reflete a erosão generalizada da confiança nas instituições, que deveriam organizar a sociedade. Como consequência, observa-se um aumento de 15% a 20% nos custos operacionais das empresas devido a disputas judiciais imprevisíveis, especialmente no setor trabalhista, o que reduz a geração de empregos e compromete a competitividade global do Brasil, com perdas econômicas estimadas em trilhões de reais ao longo da década.
Poderíamos preencher páginas inteiras destacando os pontos do discurso, mas vamos encerrar por aqui, deixando a reflexão sobre a sua relação com o Estado. Ele tem o direito de humilhar você e causar constrangimento por meio de ações abusivas? O governo pode perseguir sua fé, considerar sua religião inapropriada e, assim, proibir o seu culto? E, por fim, a sua casa, que a Constituição define como inviolável, pode ser invadida pela força e tomada sem o devido processo legal, destruindo a sua privacidade e a de sua família?
Naturalmente, tenho como foco a economia e o empreendedorismo, mas recordo sempre a origem grega da palavra economia, derivada do termo oikonomia (οἰκονομία). Este é composto por duas partes: oikos (οἶκος), que significa “casa” ou “lar”, e nomos (νόμος), que significa “lei”, “gestão” ou “administração”. Assim, oikonomia originalmente se referia à administração ou gestão do lar, englobando o manejo de recursos, bens e pessoas dentro de uma unidade doméstica. Em outras palavras, se o micro, a casa, a família, a dignidade individual, não for respeitado, a macroeconomia inevitavelmente afundará, pois não há prosperidade sustentável quando os fundamentos da vida social e institucional estão corroídos.
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