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'Não combinaram com os russos' e 2024 naufragou. Agora, 2025…
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Publicado em 03/01/2025

Escrito por PhD Bertoncello

A expressão “combinar com os russos”, segundo a lenda do futebol, surgiu em 1958, quando o técnico da seleção brasileira, Vicente Feola, explicava aos jogadores o esquema tático para vencer a temida União Soviética. Após ouvir toda a estratégia, Garrincha perguntou:

– O senhor já combinou com os russos?

Essa analogia se aplica perfeitamente ao Governo Lula: “O senhor já combinou com o mercado?”

Aparentemente não vamos ver as expectativas frustradas.

Analisemos o mercado em 2024. O ano começou com o dólar a R$ 4,89 e os maiores bancos brasileiros prevendo que terminaria 2024 a R$ 4,70. A taxa básica de juros, a Selic, iniciou o ano em 10,50% ao ano e deveria terminar em apenas um dígito – algo como 9,50% ou menos. A inflação projetada era de 2,95%. Afinal, 2023 foi um bom ano macroeconômico, e as expectativas indicavam que 2024 seria ainda melhor. Essas projeções vinham do Boletim Focus, mas a realidade foi outra: o boletim errou completamente!

    • O dólar, em 26 de dezembro, fechou em R$ 6,17 – uma alta de mais de 26%.

    • A taxa Selic terminou o ano em 12,25%, 275 pontos-base acima do esperado, e ainda pode subir, aproximando-se de 14% ao ano. Isso praticamente inviabiliza o consumo de bens de valor agregado, como carros, máquinas e imóveis.

    • A inflação deve encerrar 2024 em 4,90%, ou seja, 66% acima do previsto e além do limite de 4,50%.

É importante lembrar que, enquanto o governo detém o monopólio da emissão de moeda, mas a produção de riqueza, o consumo e as trocas voluntárias são realizados pela iniciativa privada. O mercado é quem gera riqueza, não o governo. Além disso, investimentos e consumo são, em sua maioria, de médio prazo.

Por exemplo, um comerciante que abre uma loja espera retorno em cerca de três anos – o mesmo prazo médio de financiamento de um carro no Brasil. Assim, os efeitos positivos de quem acreditava no Brasil em 2021 e 2022 ainda trouxeram algum impulso para 2023 e 2024. Mas, e agora? O que esperar de 2025?

O Governo Lula acredita que os investimentos públicos podem substituir os da iniciativa privada. Isso funcionária se o governo tivesse recursos em caixa. Mas será que tem?

A resposta é não. O governo deve encerrar 2024 com números alarmantes:

    • Déficit primário recorde (mesmo com arrecadação tributária recorde). O déficit primário contabiliza receitas e despesas sem incluir os juros da dívida.

    • Déficit nominal acima de R$ 1 trilhão em setembro, levando a dívida bruta do governo geral (DBGG) a 78,3% do PIB, ou R$ 8,9 trilhões. Em termos práticos, cada um dos 210 milhões de brasileiros “deve” R$ 42,38 bilhões.

Economistas alertam que, em países emergentes, uma dívida superior a 80% do PIB pode levar a graves crises econômicas. É hora de refletir: essa gastança está alta demais?

Velhas práticas, novos desafios - Para 2025, espera-se que setores ligados ao governo continuem com ganhos temporários, enquanto aqueles dependentes de investimentos privados devem enfrentar dificuldades. O dólar e a inflação devem permanecer altos, exigindo adaptações no mercado de trabalho e nos negócios.

A recomendação para o próximo ano é clara: analise a posição do seu emprego ou empresa no mercado e ajuste-se a este cenário. Estamos cada vez mais próximos de uma pré-crise semelhante ao Governo Dilma 2, que trouxe enormes prejuízos aos despreparados, mas oportunidades para os bem-informados.

No fim, o governo “não combinou com o mercado”, e cabe aos investidores e empreendedores pisarem no freio. Assim, navegaremos por um cenário de desafios, mas também de oportunidades.

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