Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e primeiro vice da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), salienta, por ocasião da última reunião do Copom, sob a presidência de Roberto Campos Neto no Banco Central, e a derradeira em 2024, que termina nesta quarta-feira (11/12), ser premente a redução da Selic, atualmente em 11,25% ao ano.
“Patamares elevados da taxa têm sido um entrave ao crescimento mais robusto do PIB. Juros altos tornam o crédito mais caro para pessoas físicas e jurídicas e consumidores, refreando o consumo e os investimentos em novos projetos e expansões e afetando a capacidade das empresas de crescer e inovar”, pondera.
Os efeitos em cascata ocorrem em todas as cadeias de valor. Com investimentos reduzidos, criam-se menos empregos, o que diminui o poder de compra das famílias e tira pessoas do mercado de consumo. Isso retroalimenta as dificuldades das indústrias de produzirem e obterem resultados mais substantivos. “Ou seja, juros exagerados substituem o círculo virtuoso do crescimento sustentado por um ciclo vicioso de expansão do PIB abaixo do potencial brasileiro”, avalia o presidente do Ciesp, frisando: “Este ano, a economia e o nosso setor têm apresentado expansão, como se observou nos dois trimestres anteriores, mas poderíamos ir além”.
Para ele ainda, a Selic alta aumenta o custo referente ao serviço da dívida pública, agravando o déficit fiscal do Estado, reduzindo seu poder de investimento e abalando a confiança dos agentes econômicos e dos investidores. Essa questão também tem reflexos negativos no PIB e no ambiente de negócios. “Por isso, apesar das previsões do mercado de um novo aumento na reunião do Copom esta semana, o necessário seria a redução da taxa. Já passou da hora de invertermos o círculo vicioso dos juros altos, prejudicando o legítimo interesse de muitos em favor do interesse de poucos”, observa o presidente do Ciesp.
Cervone alerta que a indústria é afetada de modo contundente pelos juros altos, pois depende de investimentos contínuos em tecnologia, capacitação de pessoal e bens de capital. Pequenas e médias empresas do setor enfrentam dificuldades ainda maiores, não apenas para financiar o capital de giro, como para projetos de modernização e expansão, pois as perspectivas de retorno de um empréstimo são desestimulantes e apresentam relação custo-benefício negativa quando a Selic está em nível muito elevado, como agora.
“Infelizmente, os juros altos no Brasil criam um cenário de dificuldades para a indústria, crescimento mais tímido do PIB e geração de empregos abaixo do potencial e de nossas necessidades de promover mais inclusão de pessoas nos benefícios da economia. Enfrentar esses desafios requer políticas econômicas – monetárias e fiscais – que equilibrem a necessidade de controlar a inflação com a promoção do desenvolvimento sustentável”, acentua o presidente do Ciesp.