Na primeira entrevista coletiva depois de ir a Brasília como presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou e fez pouco caso das manifestações de milhares de pessoas iniciadas depois do resultado do segundo turno das eleições, em 30 de outubro.
Na mesma entrevista em que disse que não irá interferir na escolha dos presidentes da Câmara e do Senado, ele criticou as pessoas que estão fazendo as manifestações. “Essas pessoas que estão protestando, sinceramente, não têm motivos para protestar”, declarou, acrescentando, em seguida: “Essas pessoas deviam dar graças a Deus pela diferença ter sido menor do que aquilo que nós merecíamos ter de votos”, afirmou sem esclarecer por que os eleitores deveriam se sentir aliviados por isso.
Lula também sugeriu que se tratam de movimentos criminosos, pedindo que as autoridades investiguem “quem está financiando esses protestos”. “E eu acho que é preciso detectar quem está financiando esses protestos, que não têm pé nem cabeça. Ofensas a autoridades, ameaças de fechamento, agressão verbal, coisa que eu que fui dirigente sindical, eu que fiz greve, não tinha por hábito utilizar isso”, acrescentou, sem levar em consideração que trata-se de um movimento espontâneo, sem um líder central para comandá-los, tal qual acontece em mobilizações de esquerda.
O presidente eleito também afirmou que, depois da visita de quarta-feira 9 ao Supremo Tribunal Federal (STF), irá ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Eu quero agradecer o comportamento e a lisura do comportamento do Poder Judiciário no enfrentamento à violência, no enfrentamento à ilegalidade, no enfrentamento ao desrespeito democrático que estava sendo praticado neste país”, declarou.
Sem mencionar o relatório do Ministério da Defesa, que apontou fragilidades no sistema eleitoral, Lula afirmou que “a urna eletrônica é uma conquista do povo brasileiro”. “Muitos países invejam pela lisura do processo, um processo que termina às cinco horas e às oito todo mundo já sabe quem foi eleito deputado”. Ele citou os Estados Unidos, que ainda estão “contando papelzinho por papelzinho”, sem no entanto dizer por qual motivo a celeridade na apuração é mais importante do que a precisão.
Na mesma entrevista, o petista afirmou que “não há tempo para vingança, não há tempo para raiva, não há tempo para ódio”. “O tempo é de governar.” É aguardar para ver. (Com informações da Revista Oeste)